Desafios da Indústria na recuperação econômica Pós Covid

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“O futuro da indústria e do Brasil depende, mais do que nunca, da implementação da agenda de equilíbrio macroeconômico e reformas estruturais”, afirma o presidente da CNI, Robson Andrade

 

Na avaliação de empresários e especialistas, a crise econômica decorrente do novo coronavírus ocorre em um momento crucial para a indústria brasileira. Não apenas com relação ao processo de desindustrialização que ocorreu nos últimos anos, mas também por que há vários desafios ainda a serem vencidos, para que o setor consiga se conectar com a quarta revolução industrial, que já está em curso, e, também, para se integrar de forma sustentada à economia global.

Abstraindo a crise atual, é necessário ter em mente que a saúde da indústria será decisiva para que o Brasil consiga se recuperar dos estragos feitos pelo vírus e retomar o caminho do desenvolvimento econômico e social que se prenunciava antes da eclosão da pandemia.

O encadeamento do ciclo produtivo de diversos segmentos da indústria faz com que o setor movimente também outras áreas da economia. De acordo com o coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Emerson Marçal, a indústria automotiva, por exemplo, tem uma ampla cadeia de insumos, assim como a indústria de aviação. “Estes segmentos compram aço, plástico, computadores e outros componentes. Com isso, elas movimentam uma ampla cadeia de serviços”, explica.

Marçal destaca que a indústria investe maciçamente em tecnologia, fomentando o desenvolvimento de inovações. “Isso faz com que o setor industrial, de alguma forma, acabe puxando a economia do país. É um setor com externalidades positivas para a economia brasileira como um todo”, acrescenta.

O economista destaca, ainda, que o desenvolvimento de políticas públicas focadas no setor industrial será etapa fundamental para que a economia brasileira consiga voltar a crescer. E esse processo, hoje mais do que nunca, terá que se basear no aumento da produtividade do setor. Em 2018, a produtividade da indústria de transformação registrou alta de 0,8%, e, até o terceiro trimestre de 2019, o indicador apontava recuo de 0,2%.

Recente estudo da CNI, apresenta critérios para a implementação de uma nova agenda de política industrial no país. No documento, a entidade defende que, diferentemente do que ocorreu no passado, quando era encarada como uma medida protecionista, agora a política industrial tem como objetivo promover a incorporação de novas tecnologias à produção, o desenvolvimento de novos produtos, a adoção de modelos inovadores de negócio e a diversificação da economia para setores e atividades com maior valor agregado.

Visto por essa ótica moderna, destaca o estudo, o crescimento industrial se torna um meio para promover o desenvolvimento econômico e social do país, pois os empregos do futuro só serão melhores que os atuais se as novas atividades econômicas forem mais intensivas em tecnologia, agregarem mais valor aos produtos e exigirem trabalhadores mais bem formados e qualificados.

 

 

De acordo com o presidente da CNI, Robson Andrade, o futuro da indústria e do Brasil, sobretudo com os efeitos da crise econômica decorrente do coronavírus, dependerá, mais do que nunca, da criação de condições de competitividade que coloquem o país em pé de igualdade com seus principais concorrentes.

“É a agenda do equilíbrio macroeconômico, das reformas estruturais, que perseguimos há décadas e que já foi superada ou, ao menos, razoavelmente enfrentada por outras nações. E a agenda da indústria do futuro é a agenda da política industrial. A segunda não existe sem a primeira”, conclui.

De acordo com o presidente da Abinee, Humberto Barbato, o número de empresas com dificuldades para obter itens indispensáveis para seus processos produtivos tem aumentado a cada semana.

“Nós temos feito pesquisas semanais, e a última mostrou que 70% das empresas do setor estão com dificuldades de abastecimento devido ao surto de coronavírus. No primeiro levantamento que fizemos, em meados de fevereiro, esse número era de 52%, depois passou para 57% e chegou a 70% na pesquisa que fizemos no começo de março. A cada dia que passa, é maior o número de empresas atingidas”, afirma.

Buscar novos fornecedores não é trivial, já que a Ásia concentra a produção de componentes de microeletrônica: “Quando a gente olha as importações do setor, 80% vêm de países asiáticos, sendo mais de 40% só da China. Cerca de 60% dos computadores e celulares feitos no país usam componentes feitos nesses países, então é certo que a produção de março e abril será afetada”.

Diretor de estudos e políticas macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior afirma que é difícil prever os impactos que a crise terá na economia brasileira porque não há registros históricos de ocorrências semelhantes, mas diz que a pandemia gera problemas tanto pelo lado da oferta quanto da demanda.

“O choque na oferta ocorre pelos problemas de suprimento de algumas cadeias produtivas, como a da indústria eletrônica. Já pelo lado da demanda é porque os mecanismos usados para a contenção do vírus reduzem a interação humana, e isso tende a refletir no PIB. Para a indústria, há também a preocupação com a contaminação de empregados, é um setor que utiliza mão de obra de forma intensiva”, diz.

Os efeitos que o distancioanmento social provocam na economia são inegáveis, mas diversos setores industriais já estão adotando a medida. O presidente da Abinee diz que empresas do setor já estão adotando home office para as áreas administrativas e esquema de plantão de equipes para as áreas em que não é possível fazer teletrabalho.

As medidas são duras, mas, de acordo com o coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV, são fundamentais para amenizar os efeitos do surto de coronavírus no país. “É, antes de tudo, uma questão de saúde pública. Temos que olhar os países que tiveram sucesso em segurar essa pandemia, como a Coreia do Sul. Quanto mais cedo ficar claro que o Brasil está conseguindo controlar a escalada do nível de contaminação, menor será o dano econômico. Em vez de ter uma recessão branda, podemos ter uma recessão grave. Isso vai depender de como o governo atuar para controlar o problema”, avalia Marçal.

 

 

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Fonte: Portal da Indústria

 

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